Conheça Bárbara Paiva, criadora de uma garrafa que usa radiação azul para tornar a água potável

Cerca de 1,2 bilhão de pessoas - ou 35% da população mundial - não têm acesso ao recurso para consumo no dia a dia
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Conheça Bárbara Paiva, criadora de uma garrafa que usa radiação azul para tornar a água potável
Pensando que 35% da população mundial não têm acesso ao consumo adequado no dia a dia, ela criou uma garrafa que esteriliza a água e a torna potável (Foto: Reprodução/Instagram)

Quando pequena, Bárbara Gosziniak Paiva queria ser artista e viver do glamour, afinal, essa era a sua referência feminina na televisão: atrizes brasileiras e estrangeiras bonitas e bem-sucedidas. Ainda assim, os pais sempre a incentivaram a estudar. O esforço acabou dando certo: hoje, Bárbara não apenas segue a carreira acadêmica como se tornou cientista. 

Formada em engenharia ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto, a mineira é campeã brasileira do Red Bull Basement – programa que fornece suporte e mentoria aos universitários com ideias inovadoras -, representou o país no torneio internacional e ainda foi vencedora mundial de storytelling – desafio no qual apresentou seu projeto. Mas, para entender o motivo de tantas vitórias, é necessário rebobinar um pouco a fita, para quando Bárbara ingressou no mestrado.

“Eu queria fazer uma pesquisa em engenharia de materiais, que era a área do meu mestrado, mas sem perder o foco na engenharia ambiental”, conta a cientista. Foi com isso em mente que Bárbara decidiu estudar os efeitos da esterilização da radiação azul na água.

Aqualux, a garrafa que torna a água potável

Conheça Bárbara Paiva, criadora de uma garrafa que usa radiação azul para tornar a água potável
Aqualux é uma garrafa equipada com um filtro de membrana e radiação azul, que esteriliza a água (Foto: Reprodução/Instagram)

Bárbara começou, então, a estudar um assunto muito novo. “Já existem pesquisas sobre os efeitos da radiação ultravioleta na água e da esterilização da radiação azul, mas não da radiação azul para esterilização da água”, explica. 

E foi pesquisando que ela se deparou com um problema que seu projeto poderia ajudar a resolver: segundo o Instituto Trata Brasil, mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada no Brasil. Já no mundo, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), esse número chega a 1,2 bilhão de pessoas – ou 35% da população mundial sem água tratada no dia a dia.

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Além disso, a falta de acesso – tanto à água potável quanto a saneamento básico – pode ocasionar diversas doenças, principalmente diarreicas. Com base nessa realidade, que só em 2019 provocou a internação de 273 mil brasileiros, Bárbara teve a certeza de que seu mestrado seria muito mais do que uma pesquisa. “Parei para pensar o que poderia fazer para aplicar o meu estudo, assistir essa população e realmente fazer algo bom que ajudasse a melhorar o mundo”, conta. 

Foi assim que surgiu a Aqualux, uma garrafa que, graças à radiação azul, torna a água potável. Apesar de parecer uma transformação difícil de entender, a ideia é simples. Através de um filtro de membrana e da radiação na garrafa – que se parece com uma lâmpada de led azul – a esterilização do líquido é feita e a água se torna própria para consumo, uma vez que o processo mata os organismos patogênicos que causam a diarreia. 

Ainda assim, nem toda água pode ser esterilizada pelo mecanismo. “Tem que ser água doce.  A radiação não remove metais pesados ou faz limpeza de esgoto, por isso tem que ser uma água mais própria para consumo”, explica. 

Bárbara levou em conta, ainda, o fato de que as pessoas que não têm acesso à água tratada também podem ter dificuldades para contar com energia elétrica. Por isso, a garrafa é recarregada por energia solar. “Assim, quem vai acampar ou fazer uma trilha, por exemplo, também pode usar a garrafa”, conta. 

Ciência, substantivo feminino

Conheça Bárbara Paiva, criadora de uma garrafa que usa radiação azul para tornar a água potável
Bárbara cresceu sem representatividade feminina na ciência, mas hoje espera ser a inspiração de meninas e mulheres que querem seguir a carreira (Foto: Reprodução/Instagram)

Bárbara cresceu sem uma representação feminina na ciência. Para ela, as mulheres ainda não alcançaram o espaço que deveriam no setor. Ao longo da história, apenas 23 delas foram laureadas com o Nobel nas áreas da ciência. Doze foram condecoradas com o prêmio por sua atuação em fisiologia ou medicina, o que representa 5,4% de 222 nomes no total. Sete delas foram premiadas na área de química, 3,8% dos 186 condecorados. E apenas quatro venceram o Prêmio Nobel de Física, ou 1,9% dos 216 homenageados.

“Acho que não só na ciência, mas também no meio empresarial, há desigualdades entre homens e mulheres. Ainda são poucas as que receberam um prêmio Nobel, e a diferença é grande quando se trata da academia ou da sala de aula. Até na final do torneio mundial do qual eu participei a grande maioria era de homens”, conta Bárbara.

Ainda assim, essa realidade parece estar evoluindo. Segundo o “Elsevier Gender Report”, levantamento feito em 2020 pela Elsevier, algumas áreas já possuem uma maioria feminina no Brasil, como bioquímica, imunologia e microbiologia, odontologia, medicina, neurociência, enfermagem e farmacologia.

Com seu trabalho, Bárbara espera não apenas mudar o mundo das pessoas, levando água potável e saúde aos mais vulneráveis, como também servir de exemplo para meninas que queiram ingressar na mesma área. Exemplo esse que ela nunca teve.

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