Nina Silva: Pobres permanecem pobres na perpetuação do sistema

São necessárias nove gerações para que descendentes da base da pirâmide cheguem à renda média do Brasil
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Nina Silva: Pobres permanecem pobres na perpetuação do sistema
A chance de uma criança de baixa renda ter um futuro melhor que a realidade em que nasceu está relacionada à escolaridade e ao nível de renda de seus pais

Famílias pobres brasileiras levariam nove gerações para alcançar a renda média do país, diz a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Segundo o estudo publicado pela instituição no ano passado, com dados de 30 países, o Brasil ocupa a segunda pior posição no ranking.

A chance de uma criança de baixa renda ter um futuro melhor que a realidade em que nasceu está, em maior ou menor grau, relacionada à escolaridade e ao nível de renda de seus pais. Nos países ricos, o “elevador social” anda mais rápido. Nos emergentes, mais devagar —no Brasil, ainda mais lentamente.

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O Brasil não valoriza quem gera e redistribui riqueza. Dos dois homens mais ricos do Brasil em 2020, um faz cerveja e o outro, falecido no ano passado, era banqueiro! 

Filhos de pais pobres

Filhos de pais na base da pirâmide têm dificuldade de acesso à saúde e maior probabilidade de frequentar uma escola com ensino de baixa qualidade. Faça a conta: se negros são 75% dos 10% mais pobres do país, quando iremos ascender se mantivermos as relações de trabalho e circulação de riqueza desta estrutura?

Quando o assunto é promover mobilidade social, seriam necessárias nove gerações para que os descendentes de um brasileiro entre os 10% mais pobres atingissem o nível médio de rendimento do país.

E você ainda vai colocar todas as suas fichas na Inclusão a partir do outro? Das armas de inserção do sistema, projetam-se medidas disfarçadas de iniciativas de inclusão que, em sua maioria, não são suficientes para desregular o mercado que sempre se autorregula para nos excretar.

(Auto)Organizar para fortalecer 

Vários movimentos socioeconômicos no Brasil e no mundo estimulam o fortalecimento intracomunitário. Esta corrente é pautada nas relações de capital e influência para acelerar o acesso à educação de qualidade e inovadora, a geração de renda a partir de negócios entre pessoas do mesmo grupo e a criação de fundos e clubes de investimentos, onde o pouco em conjunto se torna potência. 

“Sem comunidade, certamente não há libertação, nem futuro.

Por Audre Lorde

Nina Silva é empresária, escritora, mentora de negócios, palestrante e colunista da MIT Sloan Review e UOL Economia. Enquanto empresária, Nina é CEO e uma das fundadoras do Movimento Black Money e D’Black Bank

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