Conheça Dyene Galantini, executiva de marketing que superou o transtorno bipolar e a síndrome de burnout

Publicitária escreveu o livro “Vencendo a Mente”, nome também de seu projeto que busca disseminar informações sobre transtornos mentais
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Dyene Galantini sorrindo com o seu livro “Vencendo a Mente”

Atualmente, o ritmo de vida e produção na sociedade em que vivemos tende a ser acelerado, principalmente durante o expediente profissional. Com a pressão cada vez maior, outras pendências se tornam ainda maiores e mais exaustivas, como é o caso do ambiente de trabalho, em muitas ocasiões.

Com uma maior carga de produção e de trabalho, o estresse e a sensação de esgotamento, seja por alta demanda ou grandes responsabilidades, são presentes na vida de muitos trabalhadores. Por esta e outras razões, a síndrome de burnout vem sendo uma pauta cada vez mais recorrente quando o assunto é esgotamento mental e cansaço gerados por acúmulo de estresse em diferentes profissões. 

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Definida como um distúrbio emocional que acarreta em exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, a síndrome atinge mais de 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros, em diferentes faixas etárias, gêneros e profissões, segundo pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma).  

Além disso, devido a diversos estereótipos sobre problemas de saúde mental, muitas das pessoas que sofrem com Burnout não conseguem achar modos de pedir ajuda e iniciar o tratamento para a doença.

Dyene Galantini, publicitária e executiva de marketing na IHS Markit (maior conglomerado de informações do mundo), é atuante pela neurodiversidade e quebra de estigmas relacionados a transtornos mentais. Ela ressalta através de sua própria experiência com a síndrome de burnout e transtorno de bipolaridade, a importância da pauta ser amplamente debatida em diversos meios profissionais. A publicitária escreveu o livro “Vencendo a Mente”, nome também de seu projeto que busca disseminar informações sobre transtornos mentais. 

“Antes de ter o diagnóstico do transtorno bipolar, minha vida era movida por picos de energia. Adorava meu emprego e podia ficar horas a fio trabalhando, até mesmo fora de casa. A primeira vez que eu procurei um psiquiatra foi por causa da depressão, que depois descobri ser apenas uma das faces do transtorno. Por causa dela, eu não conseguia ser produtiva da mesma forma. Lembro de levar meu tapete de yoga para o trabalho porque precisava deitar durante o expediente”, declara Dyene sobre a descoberta do problema. 

Estigmas sociais 

Hoje (10) é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Além disso, todo o mês é marcado por ações da campanha ‘Setembro Amarelo’. O intuito do período é promover debates, acolhimento, divulgação de tratamentos e atendimento psicológico, além de enfatizar a importância de buscar ajuda quando for preciso.

Durante muitos anos, questões de saúde mental foram negligenciadas e vistas com pouca seriedade devido preconceitos sociais. Por conta disso, a conscientização sobre o assunto é ainda mais importante atualmente.

“Foi um baque receber o diagnóstico de transtorno bipolar. Nessa época, eu estava tão mal com os sintomas que precisei ser internada em um hospital psiquiátrico. Um dos médicos disse que eu poderia me aposentar por invalidez, coisa que eu nunca imaginei passar. Com o tratamento adequado, que envolve medicação, terapia e mudança no estilo de vida, consegui voltar à vida normal e ao escritório. E é claro que só foi possível me engajar no tratamento a partir do momento em que eu saí da negação, aceitei que tinha a doença e que precisava caminhar rumo à estabilização. Meus empregadores sempre foram muito compreensivos e inclusivos, e por isso foram muito importantes para a minha recuperação. Assim que descobri o transtorno bipolar e precisei ser internada, fui recebida de braços abertos e tive meu espaço respeitado entre os colegas. Não tive de lidar com exclusão nem com comentários ou perguntas constrangedoras. Até falei sobre a doença na empresa, mas por iniciativa própria.”, completa a executiva sobre o apoio que recebeu em seu ambiente de trabalho. 

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Dyene também ressalta a importância de quebrar os estereótipos sociais acerca de transtornos mentais na sociedade. “Sem dúvidas, o estigma e o desconhecimento sobre transtornos mentais atrapalham a aceitação e a busca por ajuda. Admitir que temos alguma questão mental sempre foi mais difícil que conviver com algo físico, pois doenças mentais são invisíveis e mal compreendidas: há quem ache que é um sinal de fraqueza. Até hoje, ainda é tabu consultar um psiquiatra ou tomar remédios, o que para muitos pode significar a estabilização e bem-estar. E a falta deles pode aumentar a probabilidade de um suicídio”, comenta a publicitária.

“Segundo a OMS, 25% das pessoas tem ou terá algum transtorno mental ao longo da vida. Certamente todos nós conhecemos alguém nesta condição, mas não se fala sobre isso por medo dos rótulos. O estigma é pior que as doenças mentais, pois fazem com que as pessoas não busquem ajuda ou tratamento com medo de serem rotuladas de loucas ou de serem minimizadas em seu sofrimento mais profundo”, acrescenta.

Home Office

Sobre o mercado de trabalho, a profissional explica como determinadas rotinas e pressões internas podem influenciar em transtornos mentais para algumas pessoas. Ela cita que o home office, método adotado devido a pandemia de Covid-19, também foi um fator agravante para quem sofre com estes problemas. 

“A urgência que a modernidade nos exige é um problema sistêmico, como por exemplo a existência de prazos impossíveis para todos os tipos de tarefa. A outra coisa é não ter nossos limites respeitados, como por exemplo dizer “agora estou ocupada”, “agora estou jantando”, “é final de semana”, “estou de férias”. Como sociedade, perdemos o senso de limites e consequentemente nos tornamos o país com maior nível de ansiedade do mundo. Estamos vivendo um estresse prolongado associado com a crise pandêmica e a exaustão mental de termos que nos adaptar continuamente a novas regras sociais. Parece que além do trabalho que já nos exigia muito, agora temos que lidar com as questões pessoais ao mesmo tempo”, diz Dyene. 

“O Setembro Amarelo é importante justamente por trazer à pauta as conversas sobre saúde mental, que, na verdade, deveriam acontecer o ano inteiro. A campanha é sobre Prevenção ao Suicídio, e também é fundamental tirarmos de vez o tabu sobre este tema. Uma em cada 100 mortes acontecem por suicídio, segundo a OMS, e 90% dos suicídios poderiam ter sido evitados. Enquanto tergiversarmos sobre esse assunto e evitarmos falar abertamente sobre suicídio, mais pessoas se sentirão solitárias e estarão suscetíveis a esta verdadeira tragédia”, conclui a executiva de marketing.

Durante o Setembro Amarelo, o livro de Dyene estará com o e-book gratuito, disponível neste link. Além disso, vale lembrar que ao fazer doações para o  CVV – Centro de Valorização da Vida, é possível colaborar com o crescimento da rede, possibilitando um maior leque de atendimento psicológico gratuito para quem precisa.

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