O ensino superior e avançado é praticado pela humanidade desde o início da história, com origens que retomam à Grécia Antiga. O conceito do que é uma universidade varia com o tempo, mas é fato que a instituição nesses moldes mais antiga do mundo moderno é a Universidade Al-Quaraouiyine, com o devido reconhecimento da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e do Guinness Book, o livro dos recordes. Al-Quaraouiyine foi criada em 859 d.c. em Fez, no Marrocos, pela muçulmana Fatima al-Fihri.
Fatima era filha de ricos comerciantes da época e muito apegada à sua crença. Ela e a família eram originários da região da Tunísia, mas se estabeleceram no Marrocos durante o reinado do rei Idris II (808-828).
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Após a morte do pai e do marido, que também era um importante comerciante da época, ela decide usar seu dinheiro para o bem da comunidade. A cidade de Fez apresentava um forte crescimento populacional, principalmente por fluxos migratórios ligados às guerras no norte da África e Sul da Europa.
Com a aprovação do rei Idrissi Yahya I, a jovem começa a aplicar o dinheiro na construção de uma nova mesquita para a cidade, pois a que tinha sido conquistada por Idris II não abarcava toda a população que chegava. Ao lado da mesquita de Al-Quaraouiyine, ela constrói uma Madarsa, uma casa de ensinamentos e estudos sobre o Islã e o Alcorão, o livro sagrado da religião islâmica. Com o passar do tempo, o local ampliou suas atividades.
Os registros históricos mostram que Fatima deu início à construção da mesquita em meio ao Ramadam, época sagrada para o Islã, em que os seguidores da religião jejuam durante o dia e realizam suas refeições durante a noite. Assim, a história conta que ela jurou manter o jejum até o final da construção da mesquita e de realizar a primeira oração do lugar. O espaço ficou pronto aproximadamente dois anos depois.
Durante o século 10, sob a dinastia Almorávida no Marrocos, a Madarsa não se limitou aos ensinamentos religiosos e passou a ensinar a oferecer aulas de linguística e caligrafia árabe, legislação islâmica, ciências naturais, matemática, medicina, química, política, música, astronomia e sufismo. Com isso, Al-Quaraouiyine se transformou no maior centro universitário árabe do Norte da África, com polos de ensino no local e por toda a cidade.
A instituição também possuía grandes bibliotecas e promovia regularmente simpósios e debates, o que atraiu muitos cientistas e estudantes. Por lá passaram o jurista muçulmano Faqîhs, o historiador Abdurahman Ibn Khaldun, o médico e filósofo Abu Walid Ibn Rushd, o médico andaluzo Musa Ibn Maimonou e de Gerbert de Aurillac, o Papa Silvestre II.
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Durante o século 20, o Marrocos era dividido entre França e Espanha, em um sistema chamado de Protetorado (1912-1956), em que os espanhóis dominaram uma faixa estreita no norte do país, enquanto que a França ocupava o centro-sul. Sob o domínio francês na região de Fez, em 1947, as Madarsas foram consideradas parte do sistema educacional do estado.
Mas foi só em 1963 que um decreto transformou oficialmente o local em uma universidade supervisionada pelo Ministério da Educação do país. Após as reformas, Al-Quaraouiyine foi oficialmente rebatizada de “Universidade de Al Quaraouiyine”, apenas em 1965.
A lista de universidades mais antigas do mundo pode variar, dependendo da definição usada. Se for considerada a necessidade de conceder um diploma para os estudantes, então a primeira universidade moderna será a Universidade de Bolonha, criada no Sacro Império Romano Germânico, na atual região da Itália, em 1088 d.c.
No entanto, no conceito mais amplo de universidade como instituição autônoma de ensino superior, há diversas instituições fundadas antes da primeira universidade europeia, como a Universidade de Al-Quaraouiyine.
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