Conheça a empreendedora que desistiu da estabilidade do serviço público para investir no sonho

Após duas décadas como agente fiscal, Patrícia Del Gaizo criou, em plena pandemia, um coworking para profissionais de saúde
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Patrícia Del Gaizo, fundadora e CEO do OPT.DOC (Foto: Divulgação)

Conquistar a estabilidade financeira que um cargo no serviço público proporciona é o sonho de muita gente. A arquiteta Patrícia Del Gaizo, 52 anos, viveu essa experiência, mas sempre quis ir além. Sentia falta de algo em sua carreira que só o empreendedorismo poderia proporcionar. Após mais de duas décadas como agente fiscal de rendas da Secretaria da Fazenda de São Paulo, decidiu largar tudo e investir em seu próprio negócio, o coworking de saúde OPT.DOC, localizado na capital paulista.

A decisão não foi fácil. Mas com um bom planejamento, terapia e ajuda dos familiares, Patrícia, agora, ex-funcionária pública, fundou, em agosto de 2020, a sua empresa, em plena pandemia da Covid-19: um coworking para médicos e dentistas que, atualmente, conta com 20 consultórios, equipamentos com tecnologia de ponta e auxiliares treinados à disposição em horários flexíveis. As salas podem ser locadas por valores que vão de R$ 80 a R$ 165 por hora. 

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O investimento total da arquiteta para construir o espaço foi de R$ 4 milhões. Ela explica que tinha um imóvel fechado na avenida República do Líbano, no bairro de Moema. Sem conseguir alugar ou vender, decidiu reformar a casa e transformá-la no que seria o coworking, mesmo sem ter tanto conhecimento na área de saúde. “Eu perguntava tudo para duas primas, uma dentista e outra médica.” 

Patrícia conta que, atualmente, o negócio cresce cerca de 30% ao mês, e sua meta é faturar R$ 500 mil mensais até dezembro. O grande objetivo é oferecer os consultórios para que os profissionais de saúde se preocupem apenas com o trabalho e fujam da dor de cabeça e da burocracia que é gerir um negócio. “A gente sabe que é difícil manter um consultório e a pandemia dificultou ainda mais isso. Eu costumo dizer que o médico e o dentista não foram treinados para fazer contas. Não são só os custos fixos óbvios, existem gastos inesperados que são muito representativos. Foi por isso que desenhei a empresa, pensando justamente em facilitar”, explica Patrícia. 

Atualmente, o coworking atende cerca de 280 médicos e dentistas em duas unidades, uma em Moema e outra no Itaim Bibi. Patrícia explica que o grande diferencial do negócio é o profissionalismo. “Não é como se você estivesse alugando uma sala a um amigo, de maneira informal. Pelo contrário, temos um contrato muito bem elaborado. Estamos ajudando a democratizar esses atendimentos, com equipamentos de alta tecnologia que qualquer médico ou dentista pode ter acesso, seja recém-formado ou já perto da aposentadoria.”

A empresária detalha que para os dentistas, por exemplo, existe a possibilidade de fazer próteses dentárias rapidamente com o uso de scanners digitais e uma fresadora. “Tudo foi pensado para agilizar o diagnóstico e dar comodidade aos pacientes, que adoram um ambiente completo, onde podem fazer todos os procedimentos.”

Empreender sempre esteve nos planos 

Patrícia iniciou a carreira no setor público em 1998. Para conseguir ser aprovada no concurso público, estudou por um ano. Quando passou, descobriu que a remuneração era maior do que ela imaginava. “Eu era jovem e já tinha um salário muito bom. Ao longo desses 20 anos, fui feliz, mas faltava algo. A estabilidade me deu tranquilidade para ser mãe de três filhos e cuidar da educação deles. Não foi uma decisão fácil sair dessa área. Mas para entrar de cabeça na OPT.DOC, abandonei o meu emprego e a aposentadoria integral”, diz. 

A CEO também lembra que sempre foi empreendedora. Aos 16 anos, conseguiu um trabalho na época do Natal em um shopping de São Paulo. Lá, percebeu que muitos funcionários não conseguiam almoçar no próprio centro comercial porque era muito caro, e perdiam muito tempo da hora de almoço procurando restaurantes mais baratos nas redondezas. “Eu então passei a vender sanduíches naturais, porque eram lanches mais rápidos, todos conseguiam aproveitar melhor a hora de almoço e não precisavam se deslocar. Foi um sucesso”, lembra. 

Um pouco mais tarde, já aos 19 anos, enquanto fazia faculdade e trabalhava na distribuidora de água do avô, teve a ideia de negociar com os ambulantes dos faróis para que eles vendessem os produtos que ela oferecia. “Eles vendiam sanduíches, salgadinhos e outras coisas, mas não água. Começamos, então, a fabricar alguns copinhos de água mineral no tamanho de 300 ml, que rapidamente se tornaram um um diferencial.”

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Em 1999, um ano após ser aprovada no concurso público, ela decidiu dar o primeiro passo na realização de um sonho: trabalhar com arquitetura, sua primeira formação.  “Encontrei a fórmula perfeita para a minha vida. Tinha um salário fixo que me atendia no que eu precisasse e tempo, já que trabalhava de forma remota, por demanda e objetivo. Então montei um negócio de compra e venda de imóveis com reforma.”

O escritório precisou fechar dois anos depois em função de dificuldades financeiras. “O serviço público foi uma necessidade de momento. Eu era recém-formada em arquitetura, mas ninguém me ensinou que eu precisava administrar o negócio como um todo. Depois de um tempo, as coisas ficaram difíceis porque eu não tinha tanto capital de giro e os custos fixos estavam lá, todo mês. Essa experiência também serviu de impulso para abrir o modelo de coworking no ano passado.”

Apesar de não dar certo na época, ela continuou no setor de arquitetura com projetos específicos de casas de alto padrão e hoje também é CEO da OPT Incorporadora, empresa de projetos sofisticados, que vão de residências a empreendimentos comerciais.

Expansão e aporte no radar

Além de oferecer os consultórios, Patrícia lançou uma série de cursos para aprimorar o conhecimento dos profissionais. São aulas no próprio coworking sobre reputação e networking, planejamento de carreira, precificação, entre outros temas, sempre com parceiros especialistas nas respectivas áreas. “Criamos essa série de cursos pensando no desenvolvimento desses profissionais em áreas que eles não estudam em suas especialidades originais”, diz.

O desejo da CEO é continuar crescendo nos próximos anos. Ela adiantou que a empresa deve receber um novo aporte de R$ 20 milhões para abrir duas novas unidades, ambas em São Paulo. Há, ainda, uma negociação em andamento para a operação de um espaço no Rio de Janeiro, mas ainda sem data de abertura definida. 

“Eu vejo meus dois negócios hoje e fico muito orgulhosa. Sei o quanto demorou para fazer tudo isso acontecer. Hoje, são 50 pessoas que dependem de mim, é muita responsabilidade. Mas estou muito feliz e satisfeita com tudo que tenho feito”, avalia.

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