Com ingredientes como jambu e cannabis, neta transforma negócio da avó em uma das maiores marcas eróticas do país

Stephanie Seitz, CEO da INTT Cosméticos, diz que interesse das mulheres por produtos do tipo é libertador
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Empresa registrou crescimento de 37% em 2021 (Foto: Reprodução/Instagram)

Quem imaginaria herdar da própria avó uma marca erótica que se tornaria uma das mais premiadas do Brasil? Por mais exótica que pareça a herança, foi justamente o que aconteceu com Stephanie Seitz, atual CEO da INTT Cosméticos. Mulher viajada e à frente de seu tempo, como conta a neta, a matriarca da família resolveu fundar em 2007 uma empresa inicialmente focada em óleos sensuais. “Foi ela que percebeu como o Brasil estava atrasado em relação a isso, limitando itens de sexshop a produtos vulgares ou de qualidade duvidosa”, conta. 

Anos mais tarde, a mesma percepção chegou a Stephanie. Vivendo na Alemanha, a paulista notou como esse mercado era tratado com naturalidade no exterior, sem o mesmo sentimento de vergonha que ela percebia no público brasileiro. Ao detectar a oportunidade de crescimento do negócio, ligou para a avó decidida: “Deixa eu ajudá-la”, disse na época. 

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A partir daí, a empresa deslanchou. Ao apostar em embalagens discretas, itens voltados às necessidades femininas e ativos mais potentes, a INTT já está presente em quase todos os cantos do mundo, passando pela Ásia, América Latina e Europa. Há seis anos consecutivos, ela também é considerada a  melhor marca de produtos eróticos do país, de acordo com o Prêmio Melhores do Mercado Erótico e Sensual, da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme), registrando em 2021 um crescimento de 37%.

Ativos especiais vão desde o jambu até a canabis – e sim, eles funcionam!

Quando passou a comandar a empresa, uma das maiores preocupações de Stephanie era em relação à efetividade e qualidade dos produtos. Uma das queixas, tanto dela quanto da avó, eram em relação ao gosto ruim dos itens, além da falta de higiene nas embalagens. Isso fez com que a empreendedora passasse a acompanhar de perto o desenvolvimento das linhas para garantir um resultado final mais do que satisfatório. “Temos um processo de criação bem acelerado e de acordo com as normas sanitárias, usando só matéria-prima vegana e realizando testes de alergia. No início, era até difícil fazer o consumidor entender por que o nosso preço era mais elevado, mas logo ficou claro que se tratava de itens mais potentes e bem elaborados. Quem compra costuma voltar”, explica. 

Intensidade dos efeitos é diferencial da marca (Foto: Divulgação)

Foi justamente esse efeito mais intenso do que a concorrência que possibilitou a expansão para fora do país. A CEO conta que percebeu, em uma feira no exterior, que os ingredientes brasileiros faziam a diferença na hora de provocar sensações corporais. “Eu e minha equipe só conseguíamos pensar que nossos produtos eram muito mais potentes do que os que existiam em outros países”, lembra ela. É o caso de um dos carros-chefe da marca, desenvolvido em parceria com a Skol Beats: o lubrificante de jambu Intt Beats. Natural do Pará, no norte do país, a planta é conhecidamente afrodisíaca, mas além de incentivar o desejo, ela também é capaz de provocar pequenas vibrações na área onde é aplicada, chegando a simular um vibrador. “Quando falamos que determinado gel esquenta, pode ter certeza que ele vai esquentar mesmo. Quando falamos que algo vibra ou esfria, a mesma coisa. Por isso, quando recomendamos utilizar só três gotinhas, é melhor seguir à risca”, brinca. 

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Entre a lista de ativos improváveis para esse tipo de produto também estão a cannabis e o barbatimão. O primeiro, explica Stephanie, foi quase que uma demanda do público internacional, já que os produtos à base de canabidiol estão em alta no mercado externo, embora permaneçam proibidos no Brasil. “O lubrificante de cannabis relaxa a região e consegue deixar a penetração mais prazerosa para as mulheres que sentem algum tipo de dor ou incômodo durante a relação. Não tem nada a ver com ficar chapado”, destaca ela. Já o segundo é uma planta medicinal com poder adstringente que costuma ser usada em sabonetes com o intuito de regenerar a pele – ou em lubrificantes que dizem trazer a “virgindade de volta”. “Como ele é aplicado no interior do canal vaginal, acaba causando uma secura e um inchaço que aumenta a fricção durante o ato. Apesar de muitos acharem que é um produto voltado para os homens, ele foi pensado para aumentar o prazer de quem não sente o atrito comum da relação”, explica.

Em via de testes, a repórter que aqui vos escreve pode afirmar: de fato, eles funcionam. No caso do Intt Beats e do Vibration, seguindo a medida recomendada (de dois a três sprays), bastam apenas alguns segundos para que a vibração dê as caras. Apesar de inesperada e até um pouco incomum, a sensação passa longe de ser incômoda – lembrando vagamente aqueles pirulitos explosivos que faziam sucesso no início dos anos 2000.

É muito mais do que sexo

Na visão da INTT, o mercado erótico vai muito além de sexo. A última novidade da marca é a linha Intt Wellness, que conta com produtos pensados para o autoprazer, autoconhecimento e autocuidado da mulher, incluindo esfoliantes pélvicos, sabonetes íntimos, gel sensorial, óleo e diferentes tipos de lubrificantes. Seguindo o padrão de embalagens discretas, os itens se assemelham a produtos convencionais de skincare e logo estarão à venda em lojas como Amaro e Beleza na Web. 

Linha Intt Wellness (Foto: Reprodução/Instagram)

Esse cuidado para se distanciar da imagem vulgar atribuída aos produtos de sexshop, explica Stephanie, faz com que o interesse das mulheres para conhecer e explorar a marca aumente. “Nós tratamos as clientes como amigas, falamos de situações corriqueiras que acontecem com todo mundo e deixamos o assunto bem mais natural”, afirma. A própria CEO confessa que já teve receio de explicar com o que trabalhava logo que entrou na empresa, mas foi deixando o medo – ou vergonha – de lado à medida que passou a entender mais sobre o mercado. 

Um dos avanços notados por ela nesse sentido é o público. “Antes era muito comum que as mulheres chegassem procurando produtos que agradassem aos companheiros. Hoje, elas já querem algo para o prazer próprio”, destaca. 

Somado a isso, o impacto de se tornar consumidora do mercado erótico é algo que transpassa a vida pessoal e a dois. Stephanie é enfática ao dizer que o uso de brinquedos e de outros itens do tipo são capazes de melhorar a relação da mulher com ela mesma e com o outro. “Não tem essa de ‘ele não sabe fazer’ ou ‘foi ruim’. Você disse como gosta? O que impede o sexo de ser bom é esse tabu. É por isso que conhecer o próprio corpo vai além da conexão com si mesma, é algo que pode ser projetado no futuro das relações”, diz.

Para a empreendedora, o mercado erótico é justamente isso: a liberdade de não depender de ninguém. “É sobre chegar ao ápice sozinha, dando prazer para você mesma. Isso é incrível.” 

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