O dólar começou a semana sob forte pressão, em alta de mais de 1,4% e fechando perto das máximas do dia. O movimento é resultado da busca dos investidores pela segurança da moeda norte-americana diante de um novo dia de forte pessimismo nos mercados externos e com o Brasil ainda inspirando cautela do lado fiscal.


Na B3, o dólar futuro, cujos negócios vão até as 18h (de Brasília), acelerou a alta para mais de R$ 5,48, após a Procuradoria-Geral da República (PGR) informar que vai abrir apuração preliminar para investigar offshores ligadas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ambos citados no caso Pandora Papers.


LEIA MAIS: Ações do Facebook despencam 6% após instabilidade global


As manchetes podem ser lidas por investidores como potenciais empecilhos para a evolução no Congresso das pautas econômicas do governo.

O mercado demonstrou, ainda, mais medo de descumprimento de regras que seguram as contas públicas depois de a Comissão Mista do Orçamento (CMO) pautar para terça-feira (5) a análise de projeto de lei de crédito suplementar de pouco mais de R$ 164 bilhões, num momento em que paira constantemente entre investidores temor de aumento desenfreado de gastos conforme o ano eleitoral de 2022 se aproxima.


Falas de Campos Neto nesta segunda (4) foram na linha de apontar que o problema fiscal segue como uma preocupação latente. Mas o chefe do BC afirmou também que a depreciação do real neste ano está na média e até “um pouquinho melhor” na comparação com outros países, o que esfriou expectativas de que o BC possa intervir mais pesado no câmbio à medida que o dólar se aproxima de R$ 5,50.


Mas, segundo analistas, foi o dia negativo no exterior que determinou a alta do dólar por aqui. “A falta de transparência no mercado imobiliário chinês e a urgência para os EUA elevarem o teto da dívida estão no foco dos mercados”, disse Victor Lima, analista da Toro Investimentos, citando ainda o rali nas taxas dos títulos do governo dos EUA, que elevam a atratividade do dólar como ativo de investimento.


O dólar à vista subiu 1,43% nesta segunda-feira, a R$ 5,4465, depois de variar entre R$ 5,374 (+0,08%) e R$ 5,4573 (+1,63%).


Com isso, a cotação devolveu quase toda a baixa de 1,47% da sexta-feira (1). No dia anterior, quinta-feira (30), o dólar havia fechado em R$ 5,4496, valor mais alto desde 27 de abril (R$ 5,4625).


O real amargou o pior desempenho global nesta sessão. (Com Reuters)

×