Vítimas do desemprego: 96% do total de demitidos no ano passado são mulheres

Segundo dados do Ministério do Trabalho, das 480 mil vagas perdidas, 462 mil eram ocupadas por profissionais do gênero feminino
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Taxa de ocupação feminina no mercado profissional caiu 14% em relação a 2019 (Foto: Diana Grytsku/FreePik)

O desemprego no Brasil em 2020 teve rosto e gênero. Segundo a última análise de dados divulgada pelo Ministério do Trabalho, 96% dos brasileiros demitidos no último ano eram mulheres. 

Diante da crise sanitária e econômica instaurada pela pandemia, o governo estima que quase 480 mil vagas com carteira assinada foram perdidas. Dessas, mais de 462 mil eram ocupadas por profissionais mulheres, resultando numa margem de dispensa quase 100% dominada por elas. 

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Outro levantamento, desta vez realizado no ano passado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já havia mostrado que das 12,2 milhões de pessoas sem trabalho naquele em 2020, pelo menos 7 milhões eram mulheres. O documento também mostrou que a taxa de ocupação feminina no mercado profissional caiu 14% em relação a 2019. 

Por trás dos números, a desigualdade de gênero é gritante. Apoiada em fatores como a maternidade e a menor flexibilidade de trabalho (normalmente provocada pela jornada dupla), as mulheres acabam se tornando a primeira opção para desligamentos, como explica a CEO e cofundadora da recrutadora digital Gupy, Mariana Dias. “No caso de mulheres que são mães ou que não têm uma divisão de tarefas domésticas, por exemplo, o preconceito e a desigualdade de gênero acabam mais escancarados”, diz. 

De acordo com a executiva, outro agravante pode ser a área de atuação das profissionais: Segundo métricas dos últimos quatro meses da plataforma de seleção, a maioria das admissões femininas foi para área de operações, o que representa 30,51% do total de vagas do tipo; no caso de  mulheres negras, o percentual sobe para 51,40%. Por se tratar de um setor instável, como explica Mariana, isso acaba ameaçando a independência financeira das profissionais. “É uma área muito demandada pelas empresas, com grande geração de empregos, mas também alta rotatividade”, explica a executiva. “Por isso mesmo, ela também é uma das mais instáveis, o que prejudica as mulheres em maior medida”, conclui. 

De forma semelhante, outros setores que costumam empregar um grande número de mulheres, como o de atendimento ao cliente e o comercial, foram coincidentemente os mais prejudicados durante a pandemia – o que também impactou a alta taxa de desemprego. 

Por outro lado, a especialista avalia que existe uma movimentação por parte das empresas para, gradativamente, alterar essa realidade. De acordo com a recrutadora, é perceptível o aumento de vagas direcionadas para minorias nos processos seletivos mais recentes. No primeiro semestre de 2021, por exemplo, 23,53% das oportunidades afirmativas cadastradas na plataforma eram voltadas para mulheres negras.

“Esse olhar para a diversidade nos processos seletivos certamente ajudará a reverter este cenário de desemprego, principalmente quando isso também acontecer em cargos de liderança e conselhos”, destaca Mariana. Para ela, o mercado deve apresentar estatísticas melhores nos próximos anos. “Acredito que os resultados dessas ações poderão ser vistos em um futuro próximo”, conclui. 

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