Sem dinheiro para trocar de celular? Entenda como funciona e se vale a pena alugar um smartphone

De olho na alta do preço dos eletrônicos, empresas apostam no serviço de assinatura de telefones de última geração com a promessa de preços mais acessíveis
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(Foto: EnvatoElements)

Comprar um celular novo está cada vez mais caro. O dólar alto e os custos de importação impactam diretamente no valor final do smartphone vendido ao consumidor brasileiro. De olho nessa alta dos preços, empresas oferecem outra possibilidade de ter um celular moderno, de última geração, sem ter que comprá-lo. 

Conhecido como “serviços de assinatura de celular” ou “aluguel de celular”, o modelo de negócio oferecido pelas companhias varia conforme os diferentes planos. Geralmente, no fim do contrato, você pode optar por trocar novamente o aparelho, devolvê-lo ou comprá-lo. 

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Jane Souza, coordenadora do Allugator, ​​startup de assinatura de eletrônicos fundada em 2016, explica que a empresa percebeu uma mudança no comportamento de parte dos consumidores brasileiros, que, segundo ela, passaram a querer usar um bem por um período e depois ter a liberdade de escolher se ficam com ele ou não. 

O foco da Allugator, hoje, é o aluguel de iPhones, airpods e apple watches. “Atendemos exclusivamente quem tem desejo pelos produtos da Apple, pela qualidade e pelos altos preços aplicados pelo varejo no Brasil”, diz Jane. 

Stephanie Peart, head da Leapfone, empresa de celulares por assinatura, destaca que a adesão recorrente de serviços digitais, como da Netflix e Spotify, já faz parte da vida da maior parte das pessoas. Para ela, em um futuro próximo, o modelo de assinatura vai ser tão ou mais comum em situações antes inimagináveis. “Do café que a pessoa toma à roupa que veste, passando por produtos de supermercado, tudo poderá ser assinado. O modelo as a service, tão comum quando o assunto é tecnologia, está apenas começando em outros segmentos, inclusive o de telefones celulares. As pessoas podem ter acesso a smartphones de ponta todos os anos, acompanhando a evolução dos aparelhos graças à chegada do conceito de phone as a service ou celular como serviço.”

Um levantamento da consultoria Juniper Research indica que o mercado global de bens físicos por assinatura deve saltar de US$ 64 bilhões em 2020 para US$ 263 bilhões em 2025. 

Como funciona a assinatura de smartphones

A executiva do Allugator explica que o interessado em assinar um dos planos disponíveis deve entrar no site da empresa e decidir qual o modelo de iPhone melhor o atende. “Depois, a pessoa manda os documentos pedidos para fazermos uma análise de risco. Hoje, cerca de 84% dos interessados que chegam nessa fase são aprovados. Em seguida, compramos na Apple os aparelhos novos e lacrados e os enviamos para a casa do assinante, para ser usado por um período de 12 meses. Depois de um ano, a pessoa escolhe se renova ou assina o modelo mais novo”, detalha. 

O usuário tem a opção de pagar à vista por boleto ou parcelar em até 12 vezes no cartão de crédito, com juros acima de quatro parcelas. A espera pelo aparelho pode levar até um mês. Atualmente, a empresa tem 5.096 assinantes ativos e mais de 65 mil pessoas interessadas no serviço.

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De olho nesse mercado, o banco Itaú lançou em 2020 um serviço batizado de  iPhone Para Sempre, que funciona apenas para clientes do banco no próprio aplicativo da empresa e oferece a opção de trocar de smartphone a cada 21 meses. Após acessar o app, basta escolher o modelo de iPhone que você deseja e aderir ao programa, que custa a partir de 21 parcelas de R$ 149 por mês, mais um valor no final.
O interessado em alugar o celular deve pagar parcelas de acordo com o modelo escolhido e, no final desse prazo, existem as opções de ficar com o iPhone e pagar os 30% restantes do valor do aparelho, devolvê-lo ao banco ou trocar por um novo e fazer um novo plano. 

Mas nem só de iPhones e aparelhos novos vive esse mercado. Além de oferecer os mesmos produtos das concorrentes, a Leapfone também disponibiliza aos clientes iPhones usados e celulares de outras marcas, com valores menores. 

Um levantamento da empresa de celulares por assinatura mostrou que 80% dos entrevistados preferem alugar smartphones reformados, ou seja, aparelhos que já foram usados por outras pessoas e passam por um processo de recertificação. “A gente reforma, recertifica com uma série de critérios e ele fica como se fosse um aparelho novo. É totalmente diferente de comprar um celular usado.”

Stephanie diz que, além do preço mais em conta, outro diferencial dos serviços de assinatura é o pagamento mensal, que não compromete o limite do cartão de crédito do cliente. “Esse formato permite que o usuário não tenha somente um celular de ponta, mas também diferentes serviços agregados, como proteção com seguro e assistência técnica. Portanto, não se trata de um ‘aluguel’ de equipamento, mas a oportunidade de ter um produto completo em mãos pagando uma mensalidade fixa e acessível. A proposta é justamente facilitar o acesso das pessoas a aparelhos que normalmente elas não teriam condições de adquirir.”

Além da economia, a head da Leapfone defende que há uma importância sustentável no modelo de negócio, que reduz a quantidade de lixo eletrônico no planeta e promove um consumo mais consciente. 

Em parceria com a Samsung, a seguradora Porto Seguro criou o Tech Fácil, iniciativa que permite ao cliente pagar uma assinatura mensal por um aparelho da marca sul-coreana. O plano também tem um ano de duração e a contratação é feita pelo site da seguradora.

Assim como nas outras empresas, durante esses 12 meses o usuário não se torna dono do smartphone e quem encerrar o contrato antes do período terá de pagar uma multa de 30% sobre o valor das parcelas restantes. Ao final de 12 meses, o usuário pode adquirir o celular, renovar sua assinatura ou devolvê-lo sem danos que comprometam a aparência e o funcionamento.

E se eu for roubada ou quebrar o aparelho?

Jane, do Allugator, diz que a startup percebeu que o modelo de negócio poderia ter uma proteção extra, além das capinhas e películas enviadas gratuitamente com o aparelho. “Criamos um tipo de escudo, que é uma proteção de 50% em caso de furto ou roubo qualificado, casos em que há sinais de ameaça ou violência. É uma vantagem a mais, mas, como não somos uma seguradora, pela lei não podemos oferecer um seguro. Quem quiser ter mais proteção, pode contratar o serviço por fora.”

Ela explica que, na assinatura de 12 meses, se a pessoa for assaltada no segundo mês, por exemplo, a empresa cancela a assinatura e faz o reembolso dos meses restantes. “Em vez de ter que pagar o aparelho todo para nós, ela vai pagar apenas 50% do valor de mercado. Imagina se isso tivesse acontecido com um celular comprado? Além de ter pago um valor muito maior, ela ficaria com o prejuízo inteiro da perda do aparelho.” Já a Leapfone oferece seguro contra roubos, furtos e danos ao aparelho. O cliente paga uma franquia de até 20% e recebe outro aparelho. 

No Tech Fácil, da Porto Seguro, se ao final do contrato de 12 meses o cliente quiser devolver o produto e ele não estiver em boas condições, a companhia cobrará o preço total do celular alugado. Durante todo o período de contratação, o assinante tem atendimento em assistências técnicas e recebe um seguro contra roubo e danos físicos, elétricos ou líquidos. A única exceção é em situação de perda ou furto, em que a seguradora pode cobrar uma franquia entre 15% e 30% do valor cheio do produto.

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Vale a pena assinar um celular?

A coordenadora da Allugator garante que o serviço vale a pena. Atualmente, na startup, a assinatura de 12 meses do iPhone 13 Pro Max de 128 GB custa R$ 4.397. O cliente pode pagar no Pix, no boleto à vista com 8% de desconto ou dividir o valor em três vezes sem juros. Jane diz que o mesmo aparelho, comprado à vista no site mais barato, não sai por menos de R$ 8.699.

“Pagando à vista no primeiro ano, tudo fica por R$ 4.045,28, com proteção 50% gratuita, capinha e película. Já pagando à vista no segundo ano, o preço cai para R$ 3.640,75 e inclui os mesmos benefícios. O gasto total em dois anos de assinatura é de R$ 7.686,03. Quem assina por 24 meses não desembolsa o mesmo de quem comprou e ainda tem benefícios. Sem contar que ainda poderia ter assinado o lançamento da Apple em 12 meses. É sobre consumir diferente e mais inteligente do que o que conhecíamos antes.”

Por outro lado, por mais que a solução pareça atrativa ao primeiro olhar, é preciso avaliar a decisão em cada caso. Como os planos são anuais, a tendência é que o serviço de assinatura só faça sentido se você for do tipo de pessoa que troca de aparelho todos os anos e gosta dos modelos de última geração. Isso porque o valor da parcela da assinatura do plano pode ser menor se comparada ao valor pago na parcela de um aparelho novo. 

Na Leapfone, por exemplo, na cotação de hoje, um iPhone 12 de 128 GB fica em torno de R$ 399 por mês (R$ 4.788 no ano). O mesmo aparelho na loja com o menor preço custa hoje R$ 5.219. Com isso, a economia seria de R$ 431. Se a ideia for sempre trocar o aparelho ao fim dos 12 meses de contrato, vale a pena. Mas se o intuito é permanecer com um mesmo celular por vários anos, a conta fica mais cara. 

Um outro problema de quem opta pelo serviço é que o aparelho não é próprio. Ou seja, o usuário não pode vendê-lo no caso de uma emergência financeira. 

Para quem não tem dinheiro sobrando e deseja ampliar o prazo de pagamento, o programa do Itaú pode valer a pena, já que permite o parcelamento em até 21 vezes. Vale lembrar, no entanto, que, no final, se o usuário quiser ficar com o celular, ele tem que arcar com os 30% não financiados pela instituição. A limitação é que é necessário ter um cartão de crédito do banco com limite suficiente para abater o valor integral do dispositivo.

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