Conheça os investimentos mais seguros durante a guerra na Ucrânia

A EQL ouviu especialistas do mercado financeiro para orientar as investidoras sobre as aplicações consideradas mais seguras em situações como a que vivemos neste momento, de um conflito armado na Ucrânia que envolve vários países do mundo
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A Elas Que Lucrem buscou com profissionais do mercado financeiro alternativas mais seguras de investimentos em um momento de tanta turbulência por conta da guerra que teve início ontem na Ucrânia após a invasão russa ao território do país vizinho.

No mercado financeiro, uma situação como esta é chamada de ‘aversão ao risco’ porque índices de bolsas de valores no mundo despencam e, por outro lado, os preços de alguns ativos – a exemplo de commodities – disparam.

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No caso do conflito da Ucrânia, a commodity mais sensível é o petróleo pelo fato do invasor, a Rússia, ser o segundo maior produtor e exportador mundial e o principal fornecedor para toda a Europa.

Esta manhã, o petróleo disparou alta perto de 8% com o barril do Brent a US$ 105,00.

Outra commodity, o milho, é impactada porque tem na Ucrânia o quarto maior produtor e exportador global. Os contratos futuros do milho para maio na Bolsa de Chicago disparavam alta acima de 4% no início da tarde desta quinta-feira (24).

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, afirma que os mercados foram pegos de surpresa com a invasão russa, porque acompanhavam e deram bastante crédito às discussões diplomáticas entre as lideranças envolvidas na tensão.  

Ela chama a atenção para a possibilidade do Federal Reserve, o banco central norte-americano, rever a política monetária prevista para 2022 e, talvez, ser mais moderado na alta da taxa básica de juros ao longo do ano.

No entanto, o Brasil poderá continuar sendo o que ela chamou de “o grande hedge” global, ou seja, local de grande proteção para investimentos, pelo fato de não estar diretamente envolvido no conflito.

A política monetária no Brasil deverá continuar severa conforme depoimentos recentes do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Por isso, os títulos públicos continuarão com boas remunerações, segundo a economista.

“O BC não pensará duas vezes se precisar elevar a taxa básica de juros para trazer a inflação para patamares mais condizentes com o regime de meta de inflação nacional. Assim, os juros nacionais serão mantidos elevados e vão remunerar os títulos públicos com o patamar muito elevado”.

Carla lembra que o último dado de arrecadação federal foi positivo, o que significa que o Brasil tem condições de pagar, no curto prazo, esta dívida que está sendo criada.

“Em suma, o Brasil é um dos países no mundo que mais pagam juros e remuneram bem o seu financiador investidor e, por outro lado, os indicadores de solvência de curto prazo – a arrecadação, por exemplo – estão cada vez mais positivos, o que diminui o risco do Brasil”, afirma.

Na visão da economista, estes fatores somados à nossa posição em termos de produção e disponibilidade de bens em caso de uma escassez de oferta russa, levam o Brasil a ser, possivelmente, o país mais atrativo do mundo para o investidor do mercado financeiro neste momento.

“Neste primeiro dia de ataque, a forma como o mercado reagiu imediatamente foi de saída dos países em desenvolvimento e entrada nos países que são mais seguros. Por isso, estamos vendo juros e dólar subindo aqui no Brasil. Os investidores saem do mercado, fazem as contas, e depois retornam para ele”.

Decio Pecequilo, assessor de mercado financeiro sênior, apontou ativos que são considerados seguros em situações de aversão ao risco.

Um clássico é o ouro, considerado uma reserva de valor secular. Por isso, a cotação disparou pela manhã perto de 3% de alta no mercado internacional. A commodity é considerada o ativo mais seguro em situações extremas de escala global e, durante muitos anos, serviu como lastro para as finanças das nações como forma de garantia de segurança monetária.

“Claro que precisamos considerar alguns inconvenientes de comprar uma barra de ouro e levar para a casa e ainda precisar de certificado de propriedade”, ponderou.  

Outro ativo que vinha em queda nos últimos dias, mas reagiu fortemente com a ofensiva russa à Ucrânia é o dólar. Neste primeiro dia do conflito, a moeda norte-americana apresentava alta de 2,64% a R$ 5,13 no início da tarde. De véspera, havia fechado em R$ 5,00.

“O dólar é considerado moeda forte, reserva de valor e é sempre procurado em situações de crise. Por isso, vemos esta disparada na cotação em relação a outras moedas do mundo sempre que há algum tipo de aversão ao risco nos mercados”.

Outra alternativa é o título do Tesouro dos Estados Unidos, os chamados Treasuries, que sempre são procurados pelos investidores em situações extremas de proporções globais porque são considerados integrantes do grupo dos ativos mais seguros do mundo.

No entanto, a relação é inversa na comparação dos Treasuries com outros investimentos. Quanto mais são procurados, a remuneração cai. É o exemplo de hoje, em que houve uma busca frenética por Treasuries por investidores de todo o mundo como forma de garantir segurança para o capital.

“Os Treasuries são considerados o porto seguro de ativos reais que protegem contra qualquer turbulência. Tanto que a própria China tem reservas de trilhões de dólares em títulos dos Estados Unidos”.

Pecequilo ainda aponta os imóveis como ativos seguros em tempos de crise, desde que localizados em regiões ou países fora de risco. É o caso do Brasil que pode ter um boom de valorização de imóveis nos próximos meses com o capital estrangeiro à procura de segurança para os investimentos.

“Fora os investimentos em imóveis que podem ser feitos via imobiliárias e com especialistas para operações boas e que não sejam caras, os outros ativos podem ser adquiridos pelos investidores por meio de corretoras de valores aqui no Brasil. O dólar é o mais fácil de adquirir porque existem alguns bancos que mantém lojas de câmbio até dentro de shopping-centers”, conclui.

Luciene Miranda é repórter especial e colunista na Elas Que Lucrem

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