Cuidados com pets e saúde mental têm aumento expressivo nos gastos dos brasileiros em 2021

Levantamento do Itaú Unibanco e Rede faz um raio-x no consumo da população ao longo do ano passado
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O consumo no segmento de pets também teve crescimento marcante, com 25% de alta no valor transacionado em 2021 (Foto: Divulgação)

Cuidados com a saúde mental e com os pets, investimentos em educação e gastos com manutenção de veículos estão entre os setores de destaque no consumo dos brasileiros em 2021. A constatação é da Análise do Comportamento de Consumo, relatório do Itaú Unibanco e Rede divulgado ontem (16), que usa como base as compras realizadas com cartões do banco e nas vendas realizadas no sistema de meios de pagamentos do banco. 

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O levantamento, que analisou tanto o último trimestre de  2021 quanto o consolidado do ano, revelou que o desempenho do varejo brasileiro dá sinais de melhora à medida que a pandemia de Covid-19 mostra sinais de arrefecimento. O volume financeiro transacionado em 2021 foi 24,5% maior do que em 2020. Já em número de transações, o aumento foi de 25,4%. 

Como os brasileiros gastaram em 2021

Cuidados com os pets e com a saúde mental, investimentos em educação, turismo, manutenção de veículos, gastos em postos de gasolina, locomoção e transporte foram alguns dos destaques entre os setores cujo consumo cresceu em 2021.

Os gastos nos postos e com turismo aparecem no topo da lista, com aumento de 53% em 2021 sobre 2020. Já os setores de locomoção e transporte e alimentação e bebidas registraram alta de 33%.

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Os segmentos de cultura, esportes e lazer e saúde e bem-estar cresceram na mesma proporção: 29%. O cuidado com a saúde mental, assunto que ganhou força durante a crise sanitária, é corroborado pelo levantamento. O faturamento das clínicas de psicologia teve alta de 41% em 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, acompanhado por um crescimento de 40% no número de transações. Nessa categoria de consumo, o último trimestre do ano revelou que a geração Z teve o maior aumento nos gastos, e os homens desta faixa etária são os que mais passaram a procurar psicólogos – segundo o recorte geracional, a quantidade de transações aumentou 153% entre os homens e 93% entre as mulheres na comparação com o mesmo trimestre de 2020.

Gustavo Fring/Pexels
Os gastos nos postos aparecem no topo da lista, com aumento de 53% em 2021 (Foto: Gustavo Fring/Pexels)

Outro setor que merece destaque é o de salões de beleza, que apresentou 24% de alta nos gastos no ano passado em relação a 2020. Um item específico registrou aumento relevante: a compra de cabelos, incluindo perucas, mega hair, extensões e outros, cresceu 40%.

O consumo no segmento de pets também teve crescimento marcante, com 25% de alta no valor transacionado em 2021 – e mais uma vez com a geração Z como a responsável pelo incremento. Neste setor, o ambiente online lidera as compras, com crescimento de 143% no total gasto no ano passado. E o recorte geográfico traz mais um insight: o ticket médio das transações é menor no Nordeste, região que tem preferência pelos gatos, animais que, segundo os especialistas, demandam menos despesas.

Ainda sobre o consumo no ano passado, um outro dado revelado pelo relatório é que a geração com mais de 60 anos decidiu voltar aos estudos. Prova disso é que a quantidade de transações comerciais na área da educação entre a população 60+ aumentou 34% em 2021. Além de mais interessados e dispostos a estudar, esses consumidores estão também mais digitais: no mesmo período eles ampliaram em 11% o ticket médio com tecnologia.

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O investimento em aprendizado também cresceu entre a geração X, pessoas que nasceram entre meados da década de 1960 e o início da década de 1980, com alta de 39% nas transações realizadas.

Chama atenção, ainda, um aumento de 23% nas despesas dos brasileiros destinadas ao uso e manutenção de veículos – sem incluir os combustíveis, categoria com grande impacto na inflação no ano passado. Os gastos com estacionamento e pedágios cresceram 51% em 2021 e o consumo em estabelecimentos de lava rápido e troca de óleo também acelerou, com evolução de 46%. Já os serviços de manutenção registraram 26% de aumento no valor gasto.

Veja, a seguir, as categorias que mais tiveram crescimento no consumo e a comparação entre 2021 e 2020:

CATEGORIA% 2021 x 2020Inflação do período
Postos de Combustível+53%49%
Turismo+53%13,7%
Locomoção e Transporte+33%6,2%
Alimentação e bebidas+33%7,2%
Cultura, Esporte e Lazer+29%8,2%
Saúde e Bem estar+29%4,8%
Educação+26%2,8%
Veículos+23%10,4%
Tecnologia+12%12,1% 

Análise do quarto trimestre de 2021

No que diz respeito ao desempenho no último trimestre do ano, o relatório revelou que os setores que mais cresceram em volume transacionado, na comparação com o mesmo período de 2020, foram turismo (93,4%), locomoção e transporte (50,2%) e cultura, lazer e esporte (42,1%). 

O relatório também introduz um cenário positivo para o setor de carros elétricos. No último trimestre de 2020 houve um aumento de 62% nas transações para a recarga desse tipo de veículo.

O valor total transacionado no quarto trimestre foi 20% maior ante o mesmo período de 2020, superando os níveis pré-isolamento (32% superior em relação a 2019). Na comparação com o trimestre anterior, o crescimento foi de 13%. Já a quantidade de transações nos últimos três meses de 2021 foi 24% maior do que as realizadas no mesmo intervalo de 2020.

VAREJO FÍSICO X E-COMMERCE

As compras no varejo físico representaram 78,9% do volume em faturamento nos últimos três meses do ano passado. Já a participação das transações online se consolidou em 21,1%, nível superior ao período pré-isolamento.

Saiba por que as mulheres conseguem melhor rentabilidade nos investimentos do que os homens

As compras online cresceram 39% em 2021 – e tiveram um aumento de 37% apenas no último trimestre do ano. No recorte de gerações, avaliando apenas os dados de compra nos cartões de crédito, o estudo revela que os zennials (micro-geração que vem da fusão dos millenials com a geração Z) lideram: 38% dos seus gastos ocorrem no ambiente online. As demais gerações, no entanto, não ficam para trás: 37% das compras dos millennials são pela internet, seguidos pela geração X (31%) e pelos babyboomers (26%). E, apesar de as mulheres serem responsáveis por 52% das transações feitas pela internet, 54% do valor total consumido é dos homens.

Moisés Nascimento, diretor de estratégia e engenharia de dados da instituição, destaca que, enquanto as mulheres puxam a quantidade de transações para cima, no valor transacionado são os homens que representam a maioria. “A gente poderia deduzir que pode ser devido ao poder aquisitivo masculino ou talvez pelo valor dos tickets dos homens serem maior do que o das mulheres.” 

Contração da atividade econômica em 2022

Julia Gottlieb, economista do Itaú, explica que a reabertura do setor de serviços é um dos principais indicadores do crescimento observado em 2021. “A gente vê que os brasileiros estão gastando dinheiro com turismo, transporte e lazer, e isso indica que estamos voltando a patamares anteriores à pandemia.”

Ela destaca ainda que, com o surto da variante ômicron recuando na maior parte dos países e sendo menos letal do que as outras modalidades da doença, o impacto na atividade econômica acaba sendo menor. Ou seja: menos fechamentos e menos restrições.

Apesar dos bons indicadores do setor de serviços em 2021, a economista revela que o banco passou a prever uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, em meio a um cenário de taxa de juros mais elevada. A projeção, que antes era de alta de 0,5%, passou para uma queda de 0,5% em 2022.

Sobre o cenário global neste ano, Júlia diz que teremos um grande desafio, principalmente por causa da inflação, cada vez mais persistente. “Temos que entender que são pressões que não acontecem só no Brasil, mas também em países desenvolvidos. E isso ocasiona uma reação dos bancos centrais, que elevam os juros para combater esse cenário. O Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] deve subir bastante as taxas por lá ao longo deste ano e o Banco Central europeu também. Viveremos uma onda global de elevação dos juros.”

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