Rússia x Ucrânia: entenda os impactos econômicos do conflito no Brasil e no mundo

Região tem reservas importantes de diversas commodities, o que pode afetar a oferta global desses produtos
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Rússia X Ucrânia
Crédito: Anna Tis/Pexels

Não é de hoje que notícias sobre conflitos geopolíticos entre a Rússia e a Ucrânia tomam conta das manchetes. No entanto, desde dezembro, as tensões na região se intensificaram e, a partir daí, começou uma corrida diplomática para reduzir os impactos dos conflitos tanto no âmbito político, quanto no econômico.

A crise entre os países do leste europeu é, na verdade, uma briga por interesses diferentes. Enquanto a Ucrânia tem se aproximado da União Europeia e dos Estados Unidos e pleiteia uma cadeira na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN, união de países europeus e EUA com fins de defesa militar), a Rússia quer que a região continue sendo sua barreira geográfica e política contra o mundo ocidental.

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Apesar de o líder russo Vladimir Putin negar uma possível invasão do território ucraniano, a presença de soldados russos na fronteira tem se intensificado, elevando os temores de que uma guerra entre os dois países possa começar a qualquer momento. Nem as informações batem: enquanto a Rússia alega ter retirado parte das tropas que estavam a postos, o Ocidente diz que não tem provas dessa movimentação.

Os impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia na economia global

Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia não teria um grande impacto na atividade econômica global, tendo em vista que esses países não são exatamente protagonistas nesse campo.

A economista destaca que o que poderia afetar mais fortemente a atividade global é uma possível participação mais ativa da OTAN nos conflitos. “As coisas, no entanto, estão caminhando para um desfecho menos intenso”, afirma ela, explicando que “as temperaturas entre os países estão esfriando”.

Nas últimas semanas, diversas autoridades e diplomatas do mundo inteiro, principalmente da Europa, reuniram-se com os líderes dos dois países para negociar estratégias mais pacíficas para o conflito, uma vez que o continente europeu depende, em grande parte, das commodities russas para ter combustíveis e energia elétrica.

Oferta de commodities será impactada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia

Embora não impacte diretamente a atividade econômica global, a região tem uma grande importância setorial, sobretudo no que diz respeito às commodities – petróleo, gás natural e milho. Assim, quaisquer que sejam os desdobramentos, enquanto o conflito durar e o mercado estiver repleto de incertezas, as expectativas são de que a oferta desses produtos será reduzida, o que torna os preços mais altos.

“A Rússia é uma grande exportadora de petróleo – cerca de 10% de todo o consumo mundial vem de lá. Então, o conflito pode impactar a oferta da commodity em um momento em que a demanda global está aquecida. Isso interfere tanto nas questões de pressão inflacionária, quanto nas cadeias produtivas, que dependem muito do petróleo”, explica Carla.

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Já a Ucrânia, conhecida também como “celeiro europeu”, é uma das principais nações exportadoras de milho. A economista explica, entretanto, que a janela de produção ucraniana para essa commodity é muito pequena, tendo em vista o inverno rigoroso da região. Assim, se houver atrasos para iniciar o plantio em decorrência dos conflitos, toda a safra anual poderá ser comprometida.

Impactos no mercado financeiro brasileiro

Carla pontua que o Brasil tem capacidade setorial para ocupar as lacunas de produção deixadas pelo conflito, já que é grande exportador tanto de petróleo, quanto de milho. 

Dessa forma, com as incertezas dos investidores em relação à oferta desses produtos, as ações de exportadoras como a Petrobras vêm experimentando um movimento de forte valorização, com mais gente em busca desses papéis, que tendem a ganhar com um potencial aumento das vendas. Com mais capital estrangeiro entrando no mercado brasileiro, a moeda nacional ganha força frente ao dólar.

Em contrapartida, uma indústria que pode sofrer é a de proteína animal, principalmente as produtoras de carne de frango, animais com dieta altamente baseada em milho. Se a commodity fica mais cara, os insumos para a produção também encarecem.

Inflação e dólar

Se as tensões entre Rússia e Ucrânia continuarem avançando e, consequentemente, afetando a oferta das commodities, é certo que o mundo terá que lidar com mais um fator capaz de pressionar a inflação, que já está bastante elevada e é ponto de atenção para bancos centrais de diversos países.

Já sobre o dólar, Carla comenta que a moeda norte-americana recuou bastante e muito rápido por conta da forte entrada de capital estrangeiro no mercado brasileiro de ações: no fechamento de ontem (16), a moeda caiu para R$ 5,12, depois de iniciar o ano no patamar dos R$ 5,70.

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Porém, a tendência não deve se manter. A economista ressalta que, em ano eleitoral, marcado por incertezas, além da inflação persistente no Brasil e no mundo, o investidor deve recorrer a recursos considerados mais seguros, como o próprio dólar e títulos públicos de países desenvolvidos.

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