outubro 10, 2024 | por Bruno Barboza
Como medir o que ganha e o que gasta para conseguir viver em paz com suas finanças
Um mês você gasta desenfreadamente, aproveitando a vida e se dando o luxo de mimos (muitas vezes desnecessários). No outro, percebe que foi além do que podia e segura tudo que consegue: desmarca encontros, deixa de comprar um item que precisa e faz tudo que pode para segurar o bolso. Se você se identificou com essa descrição, esta reportagem foi feita exatamente para você. Afinal, como conseguir achar um meio termo e criar um padrão de vida que caiba no bolso?
Essa questão é muito comum entre os brasileiros. Uma pesquisa divulgada em 2018 pelo Instituto Akatu, inclusive, demonstrou muito bem essa relação conturbada que costumamos ter com o dinheiro. De acordo com os dados, 76% dos brasileiros não praticam o consumo consciente.
Ou seja, a grande maioria de nós não pensa com calma no que compra, no que precisa e como isso vai afetar nosso bolso. Por consequência, essa não-consciência acaba levando a essa realidade de estar sempre ou gastando muito, ou segurando tudo para conseguir pagar as dívidas do mês anterior. Dívidas tais que, aliás, estão em boa parte das casas dos brasileiros. Para ser mais exata, neste ano (2023), 78% das famílias brasileiras estão com algum tipo de dívida, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
De olho nos padrões
Os números não enganam e essa dívida muito provavelmente está presente aí na sua casa. Mas como alterar esse cenário? O primeiro passo para conseguir mudar essa realidade é perceber que ela existe. Ou seja, entender que seu padrão e estilo de vida realmente não está batendo com o que você ganha no mês. Para entender isso, te ajudamos com alguns sinais de que a conta não está fechando como deveria:
1. Falta dinheiro no final do mês
Esse é, sem dúvidas, o mais perceptível sinal de que a conta não está fechando e de que há algo errado no seu orçamento. Terminar todo mês endividado não deveria ser uma frequência durante seu ano e, se isso está acontecendo com você, é a hora de dar o primeiro passo e começar a fazer mudanças.
2. Falta reserva para imprevistos
Um sinal mais singelo de que seu padrão de vida não está condizente com o que você ganha é a falta de reservas. Muitas vezes deixamos de olhar para esse quesito e seguimos a vida gastando tudo que temos e controlando as dívidas. As reservas, no entanto, além de importantes, são cruciais. Afinal, a gente nunca sabe quando a casa vai alagar, a geladeira vai quebrar ou o filho vai adoecer e precisar de remédios caros. Os imprevistos acontecem e, por isso, precisamos estar sempre o mais preparadas o possível para recebê-los. Não conseguir deixar absolutamente nenhuma porcentagem do seu salário para uma reserva financeira pode ser também um sinal de alerta.
Como mudar a realidade
Se você se encaixa em um (ou nos dois) dos pontos acima, talvez seja a hora de começar a olhar com mais cuidado para o seu dinheiro, para tentar mudar essa realidade e viver de uma forma mais tranquila em relação à sua realidade financeira.
Mas a gente sabe que falar é fácil! Por isso, listamos algumas coisas que você pode fazer para tentar mudar essa realidade e começar a ter um padrão mais constante e saudável de gastos.
1. Coloque tudo na planilha
O primeiro ponto para conseguir alterar sua realidade financeira é conseguir olhar para ela com cautela. Para conseguir fazer isso, a melhor forma é, sem dúvidas, tentar organizar seus gastos em uma planilha. Se não souber criar a sua, fique tranquila! Hoje em dia existem várias opções disponíveis online, para você ir preenchendo com cada gasto.
Pensar em anotar tudo que compra e paga pode dar uma preguiça logo de cara, mas essa é a forma mais eficaz para conseguir realmente entender seus gastos: o quanto usa do salário no mês para mercado, farmácia, contas, compras supérfluas e etc.
2. Escolha da onde tirar
Sentimos muito em lhe informar, mas sim, começar a ter uma relação saudável com seu dinheiro vai envolver deixar algumas coisas de lado, principalmente nesse começo. O que tirar ou não deve depender de você, seu estilo de vida e sua posição financeira no momento.
Se o seu caso é o primeiro citado no começo da reportagem, em que não consegue inteirar as contas do mês e acaba se endividando, os cortes devem ser maiores. Com a planilha em mãos, tente riscar da lista tudo aquilo que não for estritamente necessário. Roupas, passeios, viagens, restaurantes: tudo aquilo que puder sair, jogue fora! Essa medida vai ser difícil no começo, mas nesses casos, o melhor a se fazer é radicalizar de vez, com o máximo de cortes que puder, para, a partir daí, começar a entender quando pode ou não se dar um luxo.
Já se sua questão está mais envolvida com a impossibilidade de guardar um dinheiro para futuros imprevistos, os cortes podem ser mais singelos. Se você tem dificuldade para guardar, uma sugestão que pode te ajudar (e muito!) é começar a considerar esse dinheiro para fundo como uma conta. Suponha que, por exemplo, todo mês você precise “pagar” 50 reais para sua poupança ou investimento. Quanto maior esse valor, melhor!
3. Faça contas
Você já cortou tudo que podia e, ainda assim, o mês não está fechando? Talvez seja a hora de começar a fazer uma contabilidade no dia-a-dia para buscar gastar o mínimo possível com aquilo que está na sua lista de coisas cruciais.
O mercado um pouco mais longe está com boas promoções? Pode ser o momento de andar um pouco mais para aproveitá-las. Mas não esqueça de embutir no valor da promoção o preço da passagem ou gasolina e estacionamento, para garantir que a distância realmente está valendo a pena.
Em suma: se mesmo depois de cortar tudo que não for necessário, o mês ainda não
estiver fechando, é hora de olhar para o quanto gasta com o necessário e se é possível
diminuir esse gasto.
4. Seja gentil com você mesma
Esses processos podem ser um tanto quanto difíceis e é preciso olhar também para sua saúde mental enquanto tudo acontece. E não se culpe! Quando se trata de vida financeira, o progresso não necessariamente vai ser linear: um mês você vai conseguir se controlar mais, outro menos, até começar a fazer disso uma rotina. Lembre-se de se respeitar e ser gentil consigo mesma no processo