“Eu consegui sair, mas outras pessoas ficaram para trás”, diz Marianna Petrovna, brasileira que vive na Ucrânia

Por conta da exigência do governo ucraniano para que homens de 18 a 60 permaneçam no país para lutar, muitas famílias estão sendo separadas
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Reprodução/Instagram
A brasileira Marianna Petrovna deixou a Ucrânia antes dos primeiros bombardeios atingirem o país (Foto: Reprodução/Instagram)

Quando os primeiros bombardeios atingiram a Ucrânia ontem (25), a brasileira Marianna Petrovna não estava mais no país. Nas últimas semanas, a empresa na qual trabalha recomendou que todos os funcionários fossem embora até 20 de fevereiro, já que previa ataques após essa data. “Eles nos deram um budget fixo para mudarmos para a Polônia e nos mantermos lá com moradia e alimentação. No dia 15, passamos pela fronteira. Já tinha uma fila, mas bem menor do que a de ontem e hoje”, conta a profissional de TI. 

Por mais que tenha saído a tempo, uma parte muito importante de Marianna continuou em Kiev, na capital ucraniana: seus amigos e familiares. A brasileira se mudou para o país em 2019, com o objetivo de expandir suas experiências internacionais. Para ela, a Ucrânia era uma decisão de destino muito certeira, visto que seus pais e seu irmão nasceram no país. “Meus pais já estavam morando no Brasil há 30 anos, mas meu irmão tinha voltado a morar lá com a minha cunhada e meu sobrinho. Eu tinha passaporte e permissão para moradia, então simplesmente fui.” 

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Nos últimos dois anos, Marianna fez da Ucrânia seu lar definitivo, mas agora precisou deixar o país às pressas por conta do conflito. “Os bombardeios aconteceram perto da casa de pessoas que eu conheço. Tenho muitas amigas brasileiras por lá ainda. Está todo mundo em pânico”, destaca. “Eu sabia que ia acontecer alguma coisa. Eu achei que a Rússia pudesse atacar algumas regiões, mas jamais pensei que realmente chegaria a esse ponto de ataque a grandes cidades. Eu não acreditei em bombardeios tão diretos.” 

No momento, a brasileira se comunica com os amigos e familiares por mensagem, tentando ajudar no que pode. Mesmo assim, a preocupação é constante. “Eu e meu namorado conseguimos sair no dia 15, mas muitas pessoas não. Meu irmão, meu sobrinho e minha cunhada ficaram para trás. Eles até estão pensando em sair, mas meu irmão é ucraniano, então ele não pode por conta do exército”, explica. Segundo decreto do presidente Volodymyr Zelenskiy, todos os homens com idades entre 18 e 60 anos precisam continuar no país para atender às necessidades das Forças Armadas. 

“Estamos em contato, mas muito preocupados. Eu espero que tudo se acabe, mas ao mesmo tempo sei que isso não vai acontecer tão cedo. É o Putin. Ele não vai parar.” Após meses de escalada militar, o território ucraniano já foi bombardeado em diversas cidades além da capital, como Mariupol, Odessa, Kharkov e Kramatorsk. Hoje (25), a Ucrânia ainda espera novos ataques, principalmente à capital do país. Anton Herashchenko,  assessor do Ministério do Interior ucraniano, afirmou que as forças de Kiev estão prontas com mísseis antitanque fornecidos por aliados estrangeiros.

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Confirmando a previsão de Marianna, o conflito realmente não tem previsão de um fim próximo. A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas fronteiras com o país. Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões também não tiveram êxito, o que mostra uma postura irredutível do presidente russo. “Espero realmente que tudo acabe rápido”, conclui Marianna. 

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