5 crenças limitantes que interferem na sua vida financeira

Pensamentos perpetuados e tomados como verdade são capazes de impedir a evolução e prosperidade
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5 crenças limitantes que interferem na sua vida financeira

Crenças limitantes são, antes de tudo, crenças. Isso significa que são conceitos e coisas do mundo nas quais acreditamos que sejam de uma dada maneira, o que não quer dizer que realmente sejam do jeito como pensamos. “ As crenças nos direcionam a agir de determinadas formas, podendo ser para nos limitar ou impulsionar a fazer algo”, afirma a especialista em psicologia Ana Paula Pregardier. 

“As crenças limitantes vêm da forma de pensar e adequar as situações e pessoas em ‘caixinhas’ definidas. Quando dividimos as coisas dessa forma, já estamos impondo limitações”, diz a Ana. Assim, as crenças limitantes são aquelas que nos impedem de realizar nossas ações e desejos, e de agir em determinadas situações.

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Idealizadora do método lúdico-vivencial de formação de hábitos, Ana Paula é CEO da Intus Forma, empresa de formação, treinamento e desenvolvimento do potencial individual das pessoas, que atua pela conscientização e formação de hábitos para proporcionar um estilo de vida consciente e sustentável aos indivíduos e sociedade. Além disso, Ana também escreve sobre educação financeira para crianças. 

Segundo a especialista em psicologia, a formação desses modos de pensar são maneiras de nos encaixarmos na cultura social e nos sentirmos parte do grupo no qual vivemos. “A maioria de nós fomos educados desde criança de formas que são culturalmente aceitas, de modo que na nossa sociedade os estímulos são diferentes para meninos e meninas.  De uma forma inconsciente, esses estímulos ficam dentro da gente, se tornando padrões culturais de comportamento para situações futuras”.

“Quando pensamos nas brincadeiras das crianças, por exemplo, os meninos são mais estimulados a fazer atividades de desafios, quebra de obstáculos e investigação, como esportes, competições. Já as meninas são estimuladas a ter uma auto-preservação maior com o corpo e a beleza, o que gera um cuidado maior com as pessoas e coisas, ao mesmo tempo que são estimuladas a correr menos riscos”. 

Os valores familiares de criação, por exemplo, também têm importância  na formação das pessoas, mas Ana Paula afirma: esses valores são parte de uma estrutura cultural que se estabeleceu dessa forma ao longo dos anos. Assim, existem crenças e valores diferentes para homens e mulheres, pois há estimulos diferentes atrelado ao sexo do individuo e que são ensinados desde que nascemos. 

Esses estímulos diferentes não são ruins nem bons, segundo a especialista. O problema é que são divididos de forma desigual por conta do sexo. Para ela, essa desigualdade de estímulos entre os gêneros é reflexo de cultura machista, modo de pensar que homens e mulheres têm papéis distintos na sociedade e que julgam a mulher como inferior ao homem em aspectos físicos, intelectuais e sociais.

“A cultura é machista sim e em geral nós, mulheres, reproduzimos atos machistas quando usamos de estereótipos femininos para criticar umas às outras sem conhecimento das situações que enfrentam ou até a nós mesmas. Isso é uma forma de perpetuar as crenças limitantes, seja na vida financeira ou pessoal”. 

É verdade que as crenças limitantes afetam a vida de todos por conta da estruturação da cultura e dos estímulos sociais, mas há diferenças entre as limitações colocadas para homens e mulheres. À EQL, a educadora financeira listou algumas das principais crenças limitantes para as finanças. Das 5 comentadas por Ana, três dizem respeito às mulheres. 

Veja 5 principais crenças limitantes:

1.”Mulheres não gostam de exatas”

A neurociência muitas vezes é usada como justificativa para essa crença limitante, uma vez que muitos estudos dizem que o cérebro do homem tem um raciocínio mais linear, enquanto a mulher têm uma forma de processamento de informações paralelo. Mas, segundo a especialista em psicologia, isso são características que não tem ligação com gostos, preferências ou aptidões predefinidas pelo sexo. 

“Se fosse verdade, a vantagem no mundo financeiro seria das mulheres. Quando falamos de planejamentos, orçamentos ou investimentos, o pensamento paralelo possibilita uma visão do todo e analisar os pontos que compõem cada situação. Isso é uma vantagem maior para analisar investimentos, administrar orçamentos e tomar decisões”, afirma Ana. 

2. “Mulheres gastam demais”

Muito relacionada com o tópico anterior, a ideia de que mulheres gastam demais e não têm controle sobre suas finanças é também cultural, reproduzido por homens e mulheres. Para Ana, é uma forma de dizer que repreende a mulher que usa de seu dinheiro para atender seus desejos. 

“Dizer que uma mulher gasta demais por usar seu dinheiro de acordo com o que ela deseja, sem conhecimento dos motivos ou a situação como um todo, é uma forma de repressão da vontade e do uso do dinheiro. Muitas vezes, vemos críticas de uma mulher para outra”. 

3. “Mulheres não tomam decisões importantes sozinhas

Ana explica que essa ideia também tem raízes na forma como os estímulos são divididos na infância. “Em geral, a menina é muito mais repreendida na hora de tomar decisões, pois há uma pressão maior para que se comportem mais socialmente. Nisso, entra a questão da aprovação, pois geralmente somos educadas a fazer algo e esperar o aval dos pais, dos responsáveis, etc. Isso dificulta que uma mulher escolha tomar suas decisões sem falar com outras pessoas, pois se cria um padrão.

4. “Dinheiro é sujo” 

A ideia de que o dinheiro é sujo, que é errado gastar e acumular, é algo que remete à religião católica no final da Idade Média (século 5 ao século 15), em que a Igreja desestimulava as práticas de acúmulo de moeda. Segundo Ana, o pensamento ainda persiste e adquiriu novas formas. “Muito ligado a esse pensamento, existe a especulação de que para conseguir dinheiro é necessário fazer algo ruim ou ilegal”.

5. “Dinheiro não compra felicidade”

Realmente, dinheiro não compra felicidade. Mas felicidade é algo abstrato, diferente para cada pessoa. “Em geral, a felicidade está ligada a fazer algo que queremos, que nos dê prazer, com as pessoas que queremos e sem preocupações”, diz Ana. Nesse sentido, ela argumenta que, na nossa sociedade, o dinheiro é o principal meio para lidarmos com nossos problemas, desejos e situações. 

“Uma vez que o dinheiro é a nossa principal forma de mediar nossos desejos, essa crença se torna algo limitante. Muitas vezes, é uma forma de nos eximimos de buscar a felicidade, porque com organização financeira e planejamento, temos a liberdade de escolher o que somos, o que fazermos, onde vamos e o que nos faz bem.”

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