Mercado erótico cresce e impulsiona a independência sexual e financeira de mulheres brasileiras

Número de empreendimentos do setor chegou a triplicar no ano de 2020, com 78% das empresas criadas e comandadas por elas
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Durante a pandemia de Covid-19, o isolamento social impôs uma pausa nos dates (encontros) e na busca por novos contatinhos, além de impedir o reencontro com os antigos. Com a impossibilidade de sair de casa, nos primeiros três meses da pandemia, foram comercializados mais de um milhão de vibradores, segundo a ex-presidente da Associação de Empresas do Mercado Erótico e fundadora do Portal Mercado Erótico, Paula Aguiara. 

Um levantamento realizado pelo Portal, publicado em fevereiro de 2021, mostrou que o setor quase dobrou em 2020: 76% dos empresários afirmam que suas atividades cresceram durante a pandemia, com vendas 10% acima do registrado no mesmo período do ano anterior. 

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Marcado pela predominância feminina na área, o número de novos empreendimentos também cresceu e chegou a triplicar no ano de 2020. Paula ressalta que 78% das empresas foram criadas e são comandadas por mulheres. “O setor emprega mais de 100 mil pessoas direta e indiretamente, sendo a maior parte mulheres”.

O setor de sex shops cresce cada vez mais no Brasil, seja na quantidade de novas lojas ou de produtos eróticos. Atualmente, esta área movimenta cerca de R$ 2 bilhões por ano. Segundo Paula, um dos fatores que impediu o impacto da pandemia nas vendas foi o fato do mercado estar muito integrado aos meios digitais desde antes. “Os consumidores já estavam muito à vontade em usar a internet para comprar produtos eróticos por conta da privacidade e segurança”. 

Mesmo assim, o boom da pandemia gerou necessidade de adaptações no setor, seja pelo excesso de vendas ou atuação ampliada no campo digital. O Portal Mercado Erótico ainda está preparando o próximo mapeamento dos empreendedores do setor, mas Paula já garante que o crescimento econômico dos negócios durante 2021 pode ultrapassar a taxa de 9% em relação a 2020 e a tendência é que continue crescendo.

As explicações para a expansão do setor e predominância da atuação feminina no mercado erótico são muitas, que ultrapassam as necessidades econômicas ou sexuais da pandemia e vão além do clichê “sexo vende”. 

Mercado erótico cresce e impulsiona a independência sexual e financeira de mulheres brasileiras

Saúde sexual, financeira e emocional

“É natural mulheres liderarem dentro desse mercado, porque a ideia dos produtos é mais focada no prazer feminino do que masculino, então faz sentido ser pensado e desenvolvido por mulheres”, afirma a empresária do setor e estudante de sexologia Mariah Prado. Para ela, a indústria erótica foi pensada por homens e para o prazer masculino por muito tempo, à exemplo da indústria pornográfica. “O mercado erótico está no movimento contrário da pornografia. São as mulheres que mandam e pensam por aqui”. 

Com mais de 20 anos atuando no desenvolvimento de produtos sexuais e cosméticos sensuais, Paula também vê uma grande diferença entre os setores. Segundo ela, apenas 1% do mercado erotico é explícito e o setor segue a tendência de incluir os produtos como peças de saúde sexual, tanto da mulher quanto dos homens, ligando-se ao setor de bem-estar. 

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“Saúde é muito importante. A sexulidade, o sexo quando tem disfunção, seja fisica ou emocional, afeta a vida das pessoas. Estar com problemas na sexualidade e intimidade tem impacto na qualidade de vida”. 

Nesse sentido, a designer de produtos afirma que esse movimento está relacionado com mudanças sociais de encarar a sexualidade e erotismo feminino. “Desde a década de 1980, a mídia debate mais a sexualidade, empoderamento e posição das mulheres nas relações. É natural que a sociedade se transforme e as mulheres também usem essas mudanças para oferecer acolhimento e empreender”. 

Mariah concorda com o ponto de vista de Paula, pois há mais diálogo tanto para questões da sexualidade quanto dos negócios. “A gente, como sociedade, tem evoluído muito e nós, mulheres, temos conquistado esses espaços. A internet deu muito poder para nós, pois mostrou que não estamos sozinhas em querer questionar nosso lugar, não só em relação à sexualidade, mas em várias lutas sociais”, afirma ela, que fundou o grupo Share Your Sex no Facebook. “Essa troca é muito importante e nos fortalece”. 

Ambas ressaltam que esse mercado também funciona como uma rede de empreendedoras que se ajudam e se estimulam nos negócios. “Muitas mulheres entraram no setor para fazer uma renda extra pelas necessidades da pandemia e decidiram continuar porque viram também uma comunidade unida. Se torna uma missão nossa ajudar as mulheres a terem sucesso no setor, comenta Paula. 

Um novo movimento de aceleração do empreendedorismo no setor são as femtechs e sextechs que já recebem aportes e investimentos, segundo Mariah. As primeiras são startups fundadas por mulheres voltadas para promover inovações no campo da saúde e bem-estar feminino, enquanto que as sextechs focam na busca por soluções inovadoras para o mercado erótico. “É interessante ver esse movimento de mulheres investindo e capacitando novas mulheres refletido no mercado”, comenta a empreendedora. 

Outro fator que influencia diretamente o crescimento do mercado erótico é a relação do sexo saudável com aspectos emocionais. “Quando uma mulher goza, ela está pronta para dominar o mundo!” comenta a estudante de sexologia, Mariah. “A gente [mulher] ter o desejo sexual e conseguir realizar ele sem precisar de ajuda é uma conquista revolucionária”.  

O consumo de brinquedos e acessórios não tem um público definido. Segundo a pesquisa realizada pelo Portal Mercado Erótico, mulheres de todas as faixas etárias e envolvidas em todo tipo de relacionamento estão fazendo cada vez mais uso de produtos eróticos. 

Para ela, explorar o próprio corpo e se proporcionar o prazer íntimo faz com que a mulher se empodere em outras partes da vida e se sinta confiante para novas conquistas que possam promover sua autonomia, seja na vida financeira, emocional, profissional ou nas relações sociais. “Estar satisfeita sexualmente e se fazer gozar é algo muito importante e que gera impacto na vida”. 

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