Dia do Professor: 11 educadoras que mudaram os rumos da educação no Brasil

Dados do Censo Escolar estimam que 81% dos docentes brasileiros são mulheres
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Joice Lamb é uma das professoras brasileiras de destaque (Via: André Feltes/Nova Escola/Divulgação)

Desde 1963,  o dia 15 de outubro é lembrado no Brasil por ser o dia daqueles que formam  todos os outros profissionais: o professor. Com tamanha importância para a sociedade, a profissão é protagonizada por elas, as mulheres. De acordo com dados do Censo Escolar de 2020, 81% dos docentes de escolas regulares, técnicas e EJA (jovens e adultos)  são do gênero feminino. 

Apesar disso, o acesso à educação entre mulheres demorou para acontecer no país. Durante 327 anos, apenas homens eram autorizados a frequentar a sala de aula, enquanto mulheres de todas as idades, classes e etnias eram proibidas de estudar. A situação só foi mudar em 1827, quando instituições particulares passaram a aceitar alunas de famílias abonadas – o que excluía negras e indígenas. 

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Para preencher essa lacuna, o trabalho das professoras foi essencial. Nesse período, destacaram-se nomes como Nísia Floresta Augusta e Anália Franco, mulheres que usaram sua posição e profissão para difundir a inclusão educacional. Já nomes recentes, como Macaé Evaristo, Êda Luiz e Lélia Gonzalez, sobressaíram-se pelo ativismo social e pela adoção de técnicas inovadoras de pedagogia. 

Veja, abaixo, 11 mulheres cujas contribuições foram fundamentais para aumentar o nível de inclusão na educação brasileira:

Nísia Floresta Augusta

Nísia Floresta (Via: Wikimedia Commons)

Considerada a pioneira do movimento feminista no Brasil, Nísia Floresta Augusta (1810 – 1885) foi a responsável por defender o direito das mulheres de aprenderem conteúdos cientificos. Em 1838, inaugurou o Colégio Augusto, instituição exclusiva para meninas que combatia o analfabetismo de gênero, além de ensinar disciplinas como matemática, ciências naturais, ciências sociais, música e dança. Atuou publicamente na defesa da educação feminina, firmando-se como uma das primeiras mulheres do país a publicarem artigos em grandes jornais. 

Anália Franco

Anália Franco (Via: Divulgação)

A fluminense Anália Franco (1853 -1919) é considerada a “dama” da educação brasileira. Professora desde os 15 anos, destacou-se pelo trabalho com grupos e classes marginalizadas. Em um período onde o acesso à escola era um  privilégio de poucos, principalmente na zona rural, Anália foi a responsável por levar a educação até milhares de trabalhadores das lavouras, incluindo mulheres.  Ao longo da docência, criou mais de 70 escolas, 23 orfanatos, dois albergues, uma colônia regeneradora para mulheres, bandas, orquestras, grupos de teatro e oficinas para manufatura em 24 cidades do interior e da capital de São Paulo.

Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez (Via: Cezar Loureiro/Wikipedia)

Graduada em História e Geografia, com mestrado em Comunicação e doutorado em Antropologia Política, Lélia Gonzalez (1935 – 1994) atuou como professora de colégios, faculdades e universidades. Foi uma das pioneiras na difusão da cultura negra no meio educacional brasileiro, tornando-se cofundadora do Movimento Negro Unificado (MNU), do Olodum e do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ). Também é reconhecida por ter incitado debates sobre raça e gênero nas salas de aula por onde passou, como o Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (UERJ) e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. 

Dorina Nowill

Dorina Nowill (Via: Divulgação/Fundação Dorina Nowill )

Dorina Nowill (1919 – 2010) foi uma educadora e ativista brasileira conhecida pelo seu trabalho de inclusão de deficientes visuais na sala de aula. Cega desde os 17 anos, a paulistana foi a primeira estudante a frequentar a escola regular sem conseguir enxergar. Apesar da falta de materiais adaptados, ela não desistiu de levar adiante a carreira na área de educação. Depois de se formar, foi convidada pelo governo norte-americano para frequentar um curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Columbia. Depois disso, criou a Fundação Dorina Nowill, instituição que propagou o acesso ao ensino a outros deficientes visuais, além de convencer a Secretaria de Educação de São Paulo a criar o Departamento de Educação Especial para Cegos em 1947.

Elisângela Dell-Armelina Suruí

Elisângela Dell-Armelina Suruí (Via: Divulgação/Renato Pizzutto/FVC)

Eleita Educadora do Ano em 2017 pela Fundação Victor Civita (FVC), Elisângela Dell-Armelina Suruí realiza um projeto de alfabetização na tribo nabekodabadakiba, em Rondônia. A professora ensina a língua-mãe da aldeia – o paiter suruí – para alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental da Escola Sertanista Francisco Meireles. A iniciativa da brasileira, batizada de “Mamug Koe Ixo Tig”, que significa “a fala e a escrita da criança”, inclui a autoria e a confecção de material didático adaptado para o mesmo idioma.

Êda Luiz

Êda Luiz (Via: Reprodução/ Youtube)

Êda Luiz é a professora e diretora por trás do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Campo Limpo, escola que virou referência nacional de educação inclusiva. A instituição acolhe alunos de 15 anos ou mais com dificuldade para se manterem no ensino regular – seja por deficiências físicas, mentais ou qualquer outro motivo. Baseada em pilares de acessibilidade, participação e diálogo, o centro foi reconhecido em 2017 pela Unesco como uma das Escolas de Educação Transformadora para o Século 21. 

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Joice Lamb

Joice Lamp (Via: Reprodução/ Instagram)

A gaúcha Joice Lamp é a coordenadora pedagógica da escola municipal Prof.ª Adolfina J.M. Diefenthäler, localizada na periferia de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Uma das vencedoras do Prêmio Educador Nota 10, também concedido pela Fundação Victor Civita (FVC), foi responsável por criar o projeto “#aprenderecompartilhar – Escola Inovadora”, iniciativa que estimula a participação dos alunos na gestão da escola e no conteúdo que será trabalhado em sala de aula. A ação inclui a proposta de encaminhamentos, correções e melhorias das instituições, estimulando o senso crítico dos estudantes e incentivando sua presença e comprometimento com a escola. 

Macaé Evaristo

Macaé Evaristo (Via: Reprodução/ Instagram)

Professora da rede municipal de São Gonçalo do Pará, Minas Gerais, desde os 19 anos, Macaé Evaristo é reconhecida por seu papel de inclusão social na educação. Engajada em integrar indígenas, periféricos e negros no ensino superior, a educadora foi a primeira mulher negra a se tornar secretária municipal e estadual de educação em 2005 e 2015, respectivaente. Formada em serviço social e mestre doutora em educação, a mineira atuou junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) para implementar programas de valorização dos professores e diversidade educacional.

Débora Garofalo

Débora Garofalo (Via: Reprodução/Instagram)

A brasileira Débora Garofalo é a primeira mulher sul-americana a ser finalista no Global Teacher Prize, prêmio que elege os melhores professores do mundo. O título foi conquistado graças ao seu trabalho no ensino da robótica a partir da reciclagem de sucata em uma  escola carente municipal da zona sul da cidade de São Paulo. Com a repercussão, Débora foi chamada para atuar na Secretaria Estadual de Educação do estado, onde permaneceu até se tornar a atual coordenadora do Centro de Inovação da Educação Básica Paulista (CIEBP). 

Agnes Dissmann

Agnes Dissmann (Via: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

Entre os desafios trazidos pela pandemia está o acesso à educação remota. Foi na tentativa de aliviar essa lacuna que a professora Agnes Dissmann, moradora de Quatro Barras, Paraná, percorreu duas vezes por mês uma distância de 60 quilômetros para levar a lição à casa dos alunos. Ao perceber que muitos deles não tinham conexão com a internet, a educadora decidiu imprimir as atividades e distribuí-las pessoalmente, passando depois para recolher as que já tinham sido feitas.  A ação chamou a atenção dos moradores locais e fez com que a história fosse repercutida pela mídia de todo país.  

Edicleia Pereira Dias

Edicleia Pereira Dias (Via: Reprodução/ Instagram)

No comando de uma das escolas com maior evasão escolar de Camaçari, na Bahia, a professora Edicleia Pereira Dias é uma das primeiras porta-vozes da pobreza menstrual no Brasil. Em 2014, ao descobrir que as alunas faltavam todos os meses por vários dias consecutivos, a educadora relacionou a ausência das estudantes à falta de acesso a absorventes. A partir disso, passou a arrecadar doações de produtos de higiene para as garotas, criando o projeto “Banco de Absorventes”.

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